Em imagem publicada no Instagram, o diretor brasileiro exibe o diploma do prêmio dado ao filme e comemora a conquista, que considera “muito significativa”.
“Esse prêmio maravilhoso da Associação Francesa de Cinemas Independentes tem sido menos citado, preciso destacar aqui. O Prix des Cinémas Art et Essai 2025 para ‘O Agente Secreto’ é muito significativo”, escreveu.
O cineasta compartilhou a mensagem de agradecimento enviada à organização do prêmio, destacando atuação não apenas como roteirista e diretor, mas também como programador de salas de cinema no Brasil, função que exerce desde 1998.
“Eu programo salas de cinema, duas atualmente no Brasil, e continuo tendo enorme prazer de poder dividir com o público filmes que considero importantes, sejam eles contemporâneos ou de arquivo, de curta ou longa metragem”, declarou Kleber, ressaltando a importância do cinema como ferramenta de educação e formação cidadã.
O diretor pernambucano também fez questão de revelar um detalhe pessoal sobre o processo criativo de “O Agente Secreto”.
Grande parte do roteiro foi escrita em uma sala do Cinema Utopia, em Bordeaux, na França, espaço dedicado ao cinema “art et essai” — termo que designa obras de caráter autoral e artístico.
“Vejo a França como exemplo para o mundo nesse assunto e fico honrado com o reconhecimento de ‘O Agente Secreto’, um filme que escrevi e dirigi sobre a história do Brasil, receber esse prêmio. Às vezes, acredito que não há coincidências”, escreveu Kleber.
O filme brasileiro “O Agente Secreto” fez história neste sábado (24), ao vencer dois prêmios no Festival de Cannes, uma das maiores premiações de cinema do mundo. Wagner Moura levou o troféu de Melhor Ator, e Kleber Mendonça Filho ganhou o prêmio de Melhor Diretor.
Mas ele participou por meio do diretor Kleber Mendonça Filho, que fez uma ligação por vídeo com o ator durante a entrevista após a premiação, neste sábado (24). Mendonça levou uma estatueta pelo filme, na categoria melhor diretor, e também subiu ao palco para receber o prêmio por Wagner Moura.
Wagner Moura agradece via celular prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes
“Eu queria estar aí com todos vocês, mas estou aqui tomando uma taça de vinho em Londres, sozinho. Não poderia estar mais feliz”, disse o ator.
“É um momento muito importante da minha vida, trabalhar com o Kleber, estar com ele. Eu vinha tentando trabalhar com Kleber por muitos anos e estou muito feliz em ver como o filme foi recebido. Porque é um filme brasileiro, e isso significa muito para a cultura brasileira.”
“É uma pena que eu esteja celebrando sozinho, gostaria de estar aí com todos vocês”, concluiu Wagner Moura.
Mais tarde, o ator enviou um vídeo falando um pouco mais sobre a vitória. Segundo ele, “O Agente Secreto” aproxima os brasileiros “da sua cultura, dos seus artistas, depois de um tempo muito difícil em que artistas e cultura não só haviam perdido a importância no Brasil, como foram bastante difamados.”
“Ter brasileiros torcendo pela vitória do cinema brasileiro internacionalmente e dizendo que esse filme, esses artistas, os representam, como aconteceu com ‘Ainda Estou Aqui’, me dá uma alegria profunda. Então, viva a cultura brasileira, viva aqueles que acreditam na importância da cultura para o desenvolvimento de qualquer país”, falou.
“E o Brasil é o país da cultura, o país da arte. Viva o Brasil, viva os brasileiros. E vamos agora celebrar, aproveitar mais esse momento bonito da nossa cultura e do nosso cinema.”
Produtora de ‘O Agente Secreto’ celebra os prêmios em Cannes
Vitória inédita em categoria
Apesar dos prêmios de melhor ator e melhor direção, “O Agente Secreto” não levou a principal estatueta do festival, a Palma de Ouro. O vencedor da categoria foi “A Simple Accident”, de Jafar Panahi.
‘O Agente Secreto’, de Kleber Mendonça Filho — Foto: Divulgação
Ambientado nos anos 1970, “O Agente Secreto” conta a história de um professor universitário (papel de Wagner Moura) que volta para Recife para reencontrar o filho caçula, apesar do risco que ele corre em plena ditadura militar.
Essa também foi a primeira vez que o Brasil levou dois prêmios em uma mesma edição do Festival de Cannes. “Eu queria mandar um abraço para todo mundo que está vendo no Brasil, especialmente para Recife e Pernambuco”, disse Kleber ao receber o prêmio de melhor direção.
“Queremos que esse filme esteja nas salas de cinema, porque as salas de cinema formam o caráter de um filme, na verdade.”
Manas
Além de “O Agente Secreto”, o cinema nacional ganhou outras homenagens no Festival de Cannes deste ano. O Brasil foi escolhido como o país de honra dessa edição.
O filme conta a história de Tielle (Jamilli Correa), garota de 13 anos que vive em uma comunidade ribeirinha na Ilha do Marajó e sofre abusos sexuais dentro e fora de casa.
Wagner Moura vence prêmio de melhor ator em Cannes
Assista ao trailer de ‘O Agente Secreto’