Por Daniela Lima
Apresentadora do Conexão GloboNews.
Deputados relataram conversas em plenário sobre precedente para travar investigações sobre desvios bilionários de emendas.
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Integrantes do STF foram avisados que a suspensão da ação contra Alexandre Ramagem (PL-RJ) prosperou com a promessa de beneficiar acusados de desvios.
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O caso é visto como laboratório para travar ações contra suspeitos de corrupção, disseram parlamentares à Corte. Mais de 80 são investigados por desvio de emendas.
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A tentativa de frear no braço investigações sobre desvio de recurso público, entretanto, deve surtir o efeito oposto ao pretendido.
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Isso porque ela produziu uma proliferação de estudos de antídotos para preservar as investigações de desvios de emendas em votações nas turmas do STF.
Não há dúvida da participação de Ramagem na organização criminosa, diz Moraes
Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) foram avisados por deputados de diversos partidos que a tranca no avanço do julgamento da acusação contra Alexandre Ramagem (PL-RJ) por suposta participação na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 prosperou no plenário da Câmara graças à promessa de que o precedente poderia ser usado para beneficiar acusados de desvios de dinheiro de emendas parlamentares.
Segundo os relatos que chegaram ao STF, deputados convenceram os indecisos dizendo que “provavelmente o objetivo é testar a tese para casos de roubos de dinheiro de emendas”.
Mais de 80 parlamentares são investigados por diferentes gabinetes do STF por desvio de emendas.
O Supremo não assiste inerte à ação do Parlamento. No caso Ramagem, já está assentado que os crimes de maior monta, como espionagem ilegal quando mandatário da Agência Brasileira de Informações (Abin), não são alcançados pela “anistia” que a Câmara mirou nesta quarta-feira (7).
Mas a disposição de blindagem dos parlamentares contra apurações acabou por despertar mais reações. A tentativa de frear no braço investigações sobre desvio de recurso público deve surtir o efeito oposto ao pretendido.
Se a ideia era a de avisar o STF de que o Congresso impedirá o avanço das apurações, a operação desta quarta (7), na verdade, produziu uma proliferação de estudos de antídotos para preservar as investigações de desvios de emendas em votações nas turmas do STF.
Deputado Delegado Ramagem (PL – RJ) — Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados