Quarta colocada na lista, ela não chamou tanta atenção no início, mas vem ganhando espaço. No dia 27 de fevereiro, por exemplo, ela ocupava somente a 107ª posição. Agora, foi parar no top 5.
Em 2024, ao notar que a música estava se destacando nos shows, Diego e Victor Hugo celebraram seu boom tardio:
“Uma moda gravada em 2019 que ressurge aclamada pelo povo, em um movimento inesperado e na contramão do mercado.”
Diego e Victor Hugo — Foto: Alysson Estopa/Divulgação
Como chegou lá?
Ver músicas voltando ao topo anos depois de serem lançadas se tornou algo comum na era das redes sociais. Um exemplo é “Dreams”, do Fleetwood Mac. Lançada no final dos anos 1970, a faixa teve sua retomada em 2020, quando virou trilha de um skatista tomando um suco.
Mas o caso de Diego e Victor Hugo é outro: estouro tardio. E a chegada ao topo após tantos anos foi 100% orgânica, segundo a dupla. Não houve promoção comercial neste período: eles não promoveram a música em rádios ou gravaram um clipe.
Existe um termo no mercado americano para se falar desse tipo de feito: “Entregador de flor” pode ser chamada de “sleeper hit”. É quando um produto cultural vira sucesso bem depois do lançamento.
“A gente sempre acreditou muito nessa música, mas nunca imaginamos que ela pudesse atravessar tantos anos e ainda emocionar tanta gente. Esse feito mostra a força da nossa arte e o quanto o público é quem decide o destino de uma canção. É um presente que a gente recebe com muita humildade e felicidade”, afirma Diego ao g1.
Dupla Diego e Victor Hugo — Foto: Divulgação
“É inacreditável ver como uma música que nasceu lá atrás, em 2019, continua tocando tão forte no coração das pessoas. Isso prova que quando uma canção é verdadeira, ela encontra seu tempo, seu espaço e se renova”, completou Victor Hugo.
Como, então, “Entregador de flor” conseguiu chegar ao top 5 seis anos após seu lançamento?
“O mercado é um ciclo, então acaba que, quando passa a euforia de carnaval, as pessoas voltam a falar sobre romantismo, amores, paixões. ‘Entregador de flor’ preencheu essa lacuna. Tem poucas canções com essa leveza”, analisa Renno Poeta, um dos compositores da música. Ele assina a faixa com Diego Silveira, Lari Ferreira e Thales Lessa.
A história de ‘Entregador de Flor’
Renno Poeta — Foto: Reprodução / Instagram do artista
“Entregador de flor” foi composta em 13 de janeiro de 2019. “Às 16:59h, terminamos a obra”, conta Renno, mostrando ao g1 o print de seu bloco de notas com a composição. Ele disse que eles não demoraram para escrevê-la, e que ela saiu após um encontro do quarteto na casa de Lari Ferreira. “Escrevemos juntos lá na varandinha do apartamento dela.”
A faixa fala sobre um homem que envia flores para sua amada de sete em sete dias, substituindo sempre o buquê que murchou. Renno explica que a ideia da letra não foi baseada na história de nenhum dos compositores, mas é direcionada para dois grupos de pessoas:
- aquelas que aprontam no relacionamento e que tentam convencer a outra pessoa de que ainda é capaz de cuidar dela;
- e aqueles que ganham na insistência. “Pensamos em pessoas que às vezes não são 100% correspondidas, mas acabam prendendo a atenção da outra pelo cuidado, pelo carinho. A pessoa cuida, cuida, até que a outra deixa ser cuidada.”
Após ser escrita, “Entregador de flor” foi oferecida para vários artistas, incluindo a dupla que gravaria. “Quando Diego e Victor Hugo viram, eles acharam que tinha uma proposta bem diferente, um pouco da linha do Jorge e Mateus, aquele lance mais romântico”, explica Renno.
Mas antes de lançarem, outra dupla fez a gravação. Guilherme e Benuto divulgaram sua versão de “Entregador de flor” em 2 de fevereiro de 2019, para o DVD “Amando, bebendo e sofrendo”. Mesmo assim, a gravação que deu certo foi a de Diego e Victor Hugo. Demorou, mas deu certo.