terça-feira, maio 13, 2025
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Conclave: na reta final, críticas a acordo com a China e debandada de cardeais italianos desidrataram o nome de Pietro Parolin

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Cardeal Pietro Parolin, italiano, diplomata do Vaticano. — Foto: Vatican News/Divulgação

Segundo relatos, a pá de cal na candidatura de Parolin foi uma intervenção cirúrgica do cardeal americano Raymond Leo Burke nos momentos finais das congregações.

Influente e conservador, Burke questionou duramente o acordo da Santa Sé com a China para a nomeação de bispos naquele país e a falta de transparência dos termos firmados.

O cardeal americano já havia falado anteriormente no início do chamado pré-conclave e já não tinha mais direito a inscrição.

Mesmo assim pediu a palavra, e o decano dos cardeais Giovanni Batista Ré permitiu. Burke questionou a falta de transparência no acordo que tinha sido negociado diretamente pelo secretário de Estado da Santa Sé, Pietro Parolin.

Vaticano e China romperam relações diplomáticas em 1951 por conta do reconhecimento da Santa Sé da independência de Taiwan. Em reação, os bispos católicos passaram a ser nomeados pelo regime chinês.

Cardeal Raymond Leo Burke, dos EUA, caminha por uma rua antes do conclave e da eleição do novo papa, em 4 de maio de 2025. — Foto: Dylan Martinez/Reuters

Em 2018, um acordo entre os dois estados foi formalizado com o objetivo de unificar a Igreja Católica no país sob a autoridade do Papa.

Nos termos do acordo, o governo chinês poderia propor nomes para o episcopado, mas o papa teria a palavra final sobre a nomeação. Na prática, o regime de Xi Jinping tem mantido a asfixia ao catolicismo no país e influenciado na nomeação de integrantes do episcopado na China. Burke questionou enfaticamente o caráter sigiloso do acordo negociado por Parolin.

Críticas enfraqueceram nome

Naquele momento, o nome de Parolin já estava perdendo apoio. Nos dias que antecederam o conclave, vários cardeais já tinham verbalizado a necessidade que o sucessor do Papa Francisco fosse alguém com forte experiência pastoral.

Era indicativo claro de rejeição ao nome de Parolin, que apesar da longa carreira diplomática na Secretária de Estado, nunca havia liderado uma diocese na condição de bispo.

Para a eleição de um Papa, pesa muito mais na definição o nome menos rejeitado, já que as votações são realizadas até que alguém atinja os dois terços dos votos.

Na véspera do Conclave, no jantar da noite do dia 6 de maio, vários cardeais que tinham se hospedado à tarde na Casa Santa Marta identificaram que o nome do cardeal americano Robert Francis Prevost havia ganhado tração rapidamente.

O cardeal Robert Francis Prevost, anunciado como papa Leão XIV, aparece na sacada da Basílica de São Pedro após o conclave — Foto: Murad Sezer/Reuters

Ficou claro que os cardeais italianos não estavam com Parolin e já trabalhavam pelo nome de Prevost. Também os cardeais que ocupavam os principais cargos na Cúria Romana já verbalizavam que não votariam no Parolin.

Nas várias reuniões das congregações gerais, o nome de Parolin foi desidratando e passou de favorito – por ser o mais conhecido entre os demais já que ocupou o cargo principal do Vaticano nos 12 anos de pontificado de Francisco – para um nome que enfrentava rejeição e forte resistência.

Conclave rápido

Esse cenário ajudou na solução de um Conclave rápido que terminou ainda na tarde do segundo dia (8 de maio) com o Papa Leão XIV tendo recebido mais de 100 votos, como revelou o cardeal de Madagascar, Désiré Tsarahazana, em entrevista à agência Reuters.

  • 🔎Para ser eleito papa durante o conclave, o cardeal Prevost precisava de uma maioria de dois terços, ou seja, 89 dos 133 cardeais votantes.

No primeiro escrutínio, Prevost já aparecia com muita força, um cenário que foi consolidando rapidamente nas votações seguintes. Os demais nomes cotados, incluindo o próprio Parolin e os cardeais Jean-Marc Aveline, da França, e Mario Grech, de Malta, foram votados. Mas o favoritismo de Prevost cresceu nos escrutínios seguintes, esvaziando os demais nomes.

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Desde o primeiro momento, cardeais da América Latina sinalizavam que despejariam votos em Prevost. Isso deu musculatura à candidatura daquele que se tornaria o Papa Leão XIV.

O fato dele ter sido bispo no interior do Peru, conhecer a realidade da região e falar espanhol foi um grande ativo. Vários prelados avaliaram, por exemplo, que apesar do carisma do cardeal Aveline, de Marselha, não falar fluentemente o italiano, seria uma barreira de comunicação na Santa Sé.

O fato de Prevost ter ocupado em 2023 o importante cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos deu a visibilidade necessária para o americano entre os demais cardeais.

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