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Embora seja considerada um incômodo pelo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a deputada será acolhida pela bancada do PL na Câmara. Bolsonaro já afirmou que considera a deputada a principal culpada pelo fracasso nas urnas em 2022.
O caso repercutiu mal e ela acabou perdendo o apoio de grande parte dos correligionários, inclusive do ex-presidente, com o qual diz não ter nenhuma relação.
“Não é que está ruim [a relação]. Não há relação com o presidente. Eu continuo com a minha relação com a Michelle, o PL mulher fez uma postagem falando da perseguição, o Eduardo Bolsonaro postou. […] Se ele [Jair Bolsonaro] acha mesmo que eu fiz ele perder a eleição é natural que ele esteja chateado. Não posso forçar ele a esquecer. Já pedi desculpas, tô pagando na justiça, já me arrependi, tive depressão por isso. Com o tempo essas coisas vão se resolvendo”, afirmou Zambelli ao g1.
Bancada vai acolher
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Na decisão que condenou Zambelli, os ministros da 1ª Turma declararam a perda automática do mandato da deputada, com chancela da Mesa Diretora da Casa. Os parlamentares avaliam, porém, que a decisão sobre a perda do mandato é do plenário da Câmara e não da Mesa Diretora.
“Quem cassa mandato é o plenário. Todo o partido está solidário a ela. É um absurdo, uma perseguição descarada. Vamos tentar arrastar o processo até o final do ano que vem, para que ela termine o mandato sem a cassação”, afirmou o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante.
Ao g1, o deputado afirmou ainda que não há nada resolvido sobre o projeto da anistia, mas que o partido pretende avaliar se o crimes cometidos pela deputada poderiam entrar no escopo do projeto.
Líder silenciou
A aliados, a deputada disse não se sentir isolada politicamente, mas se queixou da falta de apoio do líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), fiel escudeiro do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo parlamentares, após a decisão do Supremo, Zambelli lembrou em conversas das manifestações de apoio que recebeu de todos os deputados da oposição, menos do líder.
A deputada se disse contrariada, porque Zucco costuma se posicionar sobre operações da Polícia Federal (PF) contra parlamentares, falar sobre perseguições do Judiciário contra colegas, mas preferiu ignorar sua condenação.
Situação Jurídica
Carla Zambelli deve perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. A inelegibilidade não depende do trânsito em julgado da condenação – quando não cabe mais recurso – e passará a valer a partir da publicação da decisão da 1ª Turma, o que ainda não ocorreu.
A contagem desse período, no entanto, começará depois de cumprida a pena, o que na prática deixará a deputada pelo menos 18 anos longe da vida pública. Zambelli ainda poderá apresentar recursos contra a condenação, os chamados embargos de declaração.
A execução da pena varia caso a caso, mas o STF costuma determinar o início do cumprimento da decisão, com expedição do mandado de prisão, após a rejeição dos segundos embargos de declaração.
Familiar deve concorrer
Caso a inelegibilidade se confirme, a deputada afirmou que pretende apoiar uma pessoa por estado em 2026.
Em São Paulo, Zambelli disse que pretende lançar a melhor amiga, os pais ou o marido e que avalia emancipar o filho, de apenas 18 anos, para que ele possa concorrer a deputado.
A Constituição diz que somente cidadãos com 21 anos podem disputar uma cadeira na Câmara.
“Fiz um convite para a minha melhor amiga, que tem os mesmo princípios e valores que eu, mas ela está com medo, porque o que aconteceu comigo, essa pessoa pode chegar e enfrentar resistências da justiça também. As outras pessoas são meu pai, minha mãe ou meu marido. Se eu conseguir a emancipação, será meu filho”, disse Carla Zambelli.