Eleição em Portugal: imigração é principal tema; entenda o que está em jogo

Os portugueses irão às urnas neste domingo (18), para a sua terceira eleição geral em pouco mais de três anos.

Confira algumas das principais questões que dominam a votação:

Por que as eleições antecipadas?

O primeiro-ministro Luís Montenegro não conseguiu conquistar a confiança do parlamento em março, numa votação que ele próprio propôs, depois da oposição questionar a sua integridade relativamente às negociações com a empresa de consultoria em proteção de dados da sua família.

Isso levou o presidente Marcelo Rebelo de Sousa a dissolver o parlamento e a convocar as eleições.

Montenegro, que lidera a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, negou qualquer irregularidade. As sondagens de opinião mostram que a sua reputação se mantém praticamente intacta ao que o público considera uma questão ética sem implicações criminais.

O que as pesquisas de opinião mostram

O AD chegou ao poder após vencer uma eleição no ano passado, com cerca de 29% dos votos e 80 assentos num parlamento de 230 lugares. Pesquisas de opinião mostram que o partido está novamente na liderança antes das eleições, mas ainda provavelmente longe de uma maioria efetiva.

O agregador de pesquisas da Rádio Renascença coloca o AD com pouco mais de 32%, 10 pontos percentuais abaixo do apoio que lhe daria uma maioria plena de 116 cadeiras.

Os Socialistas de centro-esquerda estão em segundo lugar nas pesquisas, com 27%, pouco abaixo dos 28% que obtiveram há um ano, seguidos pelo partido de ultradireita anti-imigração Chega, com 17% e com pouca diferença em relação à eleição anterior, quando quadruplicou sua representação parlamentar.

A Iniciativa Liberal de direita, quarta colocada, é vista por muitos especialistas como uma potencial aliada de coalizão para o AD, mas está em torno de 6% nas pesquisas, o que ainda deixaria os dois partidos aquém da maioria.

A frustração pública aumentou com as repetidas eleições e a instabilidade da governança, e analistas esperam que a abstenção eleitoral aumente após um recorde de 6,47 milhões de pessoas terem votado em 2024.

Parlamento de Portugal • CNN

Cerca de 1,5 milhão de estrangeiros residem em Portugal, quase o triplo do número de uma década atrás, representando cerca de 14% da população total. Sob o regime socialista, entre 2015 e 2023, Portugal teve um dos regimes migratórios mais abertos da Europa.

O aumento de chegadas, especialmente da Ásia, recentemente, gerou um sentimento anti-imigração e impulsionou o Chega nas eleições do ano passado, embora o partido de ultradireita tenha estagnado nas pesquisas de opinião desde então.

O governo de Montenegro reforçou as regras de imigração, ecoando os esforços de outras partes da Europa para combater a ultradireita, mas o país continua relativamente acolhedor, especialmente para migrantes do Brasil e de países africanos de língua portuguesa.

Os migrantes frequentemente enfrentam empregos precários e salários mais baixos, mas economistas afirmam que eles contribuem significativamente para o crescimento econômico e a seguridade social.

Estabilidade política

Pesquisas de opinião mostram que os eleitores portugueses estão cada vez mais frustrados com as elites políticas e um padrão eleitoral que prolonga um ciclo de governos de curta duração e impasse legislativo.

Uma maior instabilidade política pode causar atrasos em reformas estruturais e grandes projetos, incluindo a mineração de lítio no norte, e potencialmente comprometer a aplicação eficiente de fundos da União Europeia (UE) e a privatização da companhia aérea TAP, há muito adiada.

Votação nas eleições legislativas de Portugal • Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Salários e impostos

O salário médio em Portugal, de pouco menos de 2.000 euros (R$ 12.730,00) por mês, está bem abaixo da média da UE de 3.155 euros e é o mais baixo da Europa Ocidental, forçando muitos portugueses a buscar empregos com melhor remuneração no exterior.

O governo de Montenegro tomou várias medidas para tentar aliviar a fuga de talentos, oferecendo cortes de impostos e benefícios salariais aos jovens e às empresas que os contratam.

Com o custo de vida ainda aumentando após vários anos de inflação acima da média, os eleitores querem ver mais medidas concretas para aumentar salários, reduzir impostos, melhorar a segurança no emprego e fortalecer o sistema de bem-estar social.

Economia, comércio

Portugal superou a maioria dos estados da UE em crescimento econômico, registrando superávits orçamentários e reduzindo a dívida sob governos de centro-esquerda e centro-direita.

A economia cresceu 1,9% no ano passado e a expectativa é de crescimento superior a 2% este ano. Mas o PIB inesperadamente encolheu 0,5% na comparação trimestral entre janeiro e março, com a queda das exportações líquidas, indicando a vulnerabilidade do país às tensões comerciais globais.

Os superávits recentes levaram a dívida pública a menos de 100% do PIB, recebendo elogios de Bruxelas e investidores. A previsão é de um superávit de 0,3% para 2025, abaixo dos 0,7% do ano passado.

Crise imobiliária

A moradia tornou-se uma questão eleitoral central que um novo governo terá que abordar.

O boom do turismo ajudou a economia, mas também alimentou uma crise imobiliária, expulsando moradores dos centros urbanos e até mesmo dos subúrbios mais próximos. Os preços dos imóveis em Portugal subiram 9% no ano passado, cerca do triplo da média da UE.

Saúde

O sistema público de saúde sobrecarregado é outra preocupação, com serviços em declínio, escassez de pessoal e longos tempos de espera. Profissionais médicos entraram em greve por baixos salários e condições precárias, enquanto os pacientes enfrentam atrasos de meses para receber tratamento.

Related posts

Quiz: O que você sabe o papa Leão XIV, novo líder da Igreja Católica?

Portugal se prepara para eleição parlamentar; veja o que dizem as pesquisas

Funeral de influenciadora do TikTok assassinada é realizado no México