Embates entre ministros e parlamentares expõem tensão no Congresso; relembre episódios

Em meio a trocas de acusações, gritos e ironias, esses confrontos renderam momentos tensos — e até virais — nos últimos anos.

Sessões com Dino

Ministro Flávio Dino, indicado ao STF, cumprimenta senador Sergio Moro (União-PR) durante sabatina no Senado — Foto: Cláudio Reis/Enquadrar/Estadão Conteúdo

No dia 28 de março de 2023, o deputado André Fernandes (PL-CE) afirmou que Dino respondia a 277 processos judiciais, citando o site JusBrasil como fonte. Dino rebateu dizendo que a informação era falsa e ironizou:

“Dizer que eu respondo a 277 processos com base no JusBrasil se insere no mesmo continente mental de quem acha que a Terra é plana.”

Na mesma audiência, uma deputada sugeriu que Dino processasse a Folha de S.Paulo por supostamente afirmar que ele havia recebido um relatório da Abin antes do 8 de janeiro. Dino pediu a matéria e disse que a informação não constava no texto:

“Eu não posso processar uma coisa que não está na matéria. Eu sei ler.”

Durante audiência no Senado, Dino travou um embate com o senador Marcos do Val (Podemos-ES), ex-instrutor da SWAT americana. Após o senador dizer que Dino deveria ser preso, o ministro respondeu:

“Se o senhor é da SWAT, eu sou dos Vingadores.”

A frase arrancou gargalhadas da plateia e viralizou na internet.

Na mesma sessão, Dino ironizou os discursos anticientíficos ao provocar o senador e ex-astronauta Marcos Pontes (PL-SP):

“Senador, pelo amor de Deus, estão dizendo que a Terra é plana. Ela é redonda?[Pontes respondeu:] ‘Flávio, é redonda. Eu vi.’”

Dino ainda brincou que, por essa fala, Pontes corria o risco de ser chamado de comunista. O senador reagiu com bom humor.

  • 5. Troca de farpas com Moro

Em outra audiência, Dino discutiu com o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava Jato, após Moro declarar que o ministro estava respondendo às perguntas dos senadores com “deboche”.

Dino disse que respondia com seriedade a perguntas sérias e que precisava se defender de ataques. Na sequência, o ministro afirmou ser “ficha-limpa” e que nunca fez “conluio” com procuradores – referência indireta às acusações de que Moro e o Ministério Público combinavam de forma irregular ações na operação Lava Jato.

Dino também citou o termo “narcomilícia” em resposta a críticas sobre segurança pública, fazendo referência indireta à atuação de milicianos no Rio de Janeiro e a reportagens que envolvem figuras próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma das sessões, ao mencionar o nome de Flávio Bolsonaro, deputados governistas aplaudiram. A oposição reagiu com protestos.

Marina Silva: ‘Não sou submissa’

Senador manda Marina Silva ‘se pôr no seu lugar’

Nesta terça-feira (27), a ministra Marina Silva deixou a Comissão de Infraestrutura do Senado após ouvir do presidente da sessão, Marcos Rogério (PL-RO): “Se ponha no seu lugar”.

Marina respondeu: “O senhor quer que eu seja uma mulher submissa. E eu não sou”.

Outro senador, Plínio Valério (PSDB-AM), completou: “A mulher merece respeito, a ministra não”. Marina deixou a sala e depois afirmou: “Ninguém vai dizer qual é o meu lugar”.

O presidente Lula ligou para a ministra após o episódio e, segundo ela, disse: “Você fez o que era certo, de não tolerar desrespeito”.

Moro x Wolney

Em março, um bate-boca entre o senador Sergio Moro (União-PR) e o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, esquentou o clima em uma audiência sobre fraudes no INSS.

Wolney questionou: “O senhor era ministro da Justiça quando começaram as denúncias. Fez alguma coisa?”

Moro reagiu: “Os fatos nunca foram informados a mim. Mas Vossa Excelência não fez nada quando soube”.

A discussão evoluiu para acusações mútuas e terminou em troca de farpas. “Não queria ficar nesse bate-boca, mas o senhor tinha muito mais obrigação de saber disso do que eu”, disse Wolney.

Haddad e Kim

O deputado Kim Kataguiri questionou a linha do PT de aumentar a arrecadação por meio de alta de tributos, e afirmou que teria havido uma briga entre deputados do PT e o governo na última semana sobre o assunto. O parlamentar perguntou a Haddad qual a posição oficial do Ministério da Fazenda sobre a retomada da taxação federal.

Em resposta, o ministro da Fazenda afirmou que é preciso mais tempo para o governo tomar uma posição sobre a retomada do imposto federal, e afirmou que a decisão dos governadores de aumentar o ICMS estadual foi “correta”.

Ele afirmou ainda que Kim Kataguiri estava tentando “ideologizar” o debate, e acrescentou que é “preciso ter coragem” para tomar decisões, mas é necessário “saber o que está acontecendo nas feiras, nas periferias”. Haddad afirmou que, desde o ano passado, todas as remessas do exterior passaram a ser registradas.

“Pega o microfone e fala mal do Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo]. Fala! O varejo brasileiro é honrado, feito de empresário honrados, a indústria é honrada. As pessoas que mandaram esse documento para nós são honradas, merecem ser ouvidos. Feche a porta para ouvir e parar de lacrar na rede”, declarou Haddad, ministro da Fazenda.

Na réplica, Kataguiri disse não ter insinuado que a indústria brasileira não é honrada.

“Ele [Haddad] Também disse que eu não recebo representantes [do setor industrial], que eu não teria feito questionamento, que estaria lacrando. De três questionamentos que eu fiz, ele não respondeu, sobre privilégios, elite do funcionalismo público, paternalismo. E que o ministro está fugindo de responder é qual o posicionamento do Ministério da Fazenda da imposição de imposto de importação em 60% para as compras online”, disse o deputado Kim Kataguiri.

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