Fraude no INSS: na Rússia, Lula explica demora na investigação e diz que não tem pressa

“Eu não tenho pressa. O que eu quero é que a gente consiga apurar para contar ao povo brasileiro a verdade e somente a verdade”, afirmou.

Segundo o presidente, o foco dos órgãos envolvidos na investigação é apurar com seriedade e não fazer um “show de pirotecnia”.

“Como a gente quer apurar com muita seriedade, tanto a CGU quanto a Polícia Federal foram a fundo na exploração para chegar no coração da quadrilha. Se tivesse feito um carnaval há um ano, possivelmente, poderia ter parado no carnaval, como acontece em todas as denúncias. Você faz um show de pirotecnia numa semana e na outra se esquece”, disse.

Perguntado sobre o ressarcimento dos aposentados descontados indevidamente, Lula respondeu que a devolução depende da constatação de quantas pessoas foram, de fato, enganadas. “O que eu sei é que eles não terão prejuízo”, finalizou.

Ainda no assunto, o presidente reforçou que o início da fraude se deu em 2019. “E vocês sabem quem governava o Brasil em 2019, vocês sabem quem era ministro da Previdência em 2019, vocês sabem quem era chefe da casa civil em 2019”, disse.

“É por isso que nós vamos que nós vamos a fundo pra saber quem é quem nesse jogo e se tinha alguém do governo passado envolvido nisso”.

Na conversa com a imprensa, Lula também abordou os seus objetivos com a viagem, afirmou que conversou com Putin sobre a Guerra da Ucrânia e defendeu a comemoração do Dia da Vitória.

Veja cronologia da fraude

  • 1991 – O Começo, a Lei do INSS

Aprovada no Congresso e sancionada pelo então presidente Fernando Collor, a lei autoriza que entidades associativas e sindicatos façam descontos em folha de aposentados e pensionistas. Pela lei, o INSS faz a intermediação de forma consentida entre as duas partes.

  • De 2009 a 2010 – Descontos irregulares aumentam

Servidores do INSS relatam que, a partir de 2009, o volume de descontos irregulares começa a aumentar, segundo Balza. “Eles começam a ser mais recorrentes, mas ainda ainda algo muito localizado ali, muito no varejo”, diz.

  • De 2016 a 2018 – O Primeiro Escândalo

Período em que surge o primeiro escândalo envolvendo entidades que faziam esse desconto em grande quantidade sem autorização. Em 2017, os descontos eram da ordem de R$ 41 milhões. No ano seguinte, esse número chegou a quase R$ 200 milhões.

Foi nesse momento que, segundo o relato de Balza, os descontos passaram a chamar atenção da Justiça — e foi quando o Ministério Público Federal do Estado do Paraná recomendou ao INSS que suspendesse os acordos com as entidades que estavam fazendo os descontos.

  • De 2019 a 2021 – Tentativa de coibir fraude

Quando Jair Bolsonaro assume o governo até metade do governo do ex-presidente, algumas pessoas de dentro do INSS tentam coibir as fraudes. Vários acordos foram suspensos e cancelados à época.

Segundo Guilherme Balza, quando entram no INSS os nomes hoje investigados pela Polícia Federal. “Nesse momento, vários acordos de cooperação com essas entidades são assinados”, diz o repórter da GloboNews. Das 11 entidades que estão sendo investigadas pela Polícia Federal e também pela Controladoria Geral da União, 10 delas assinaram acordos de cooperação técnica com o INSS entre 2021 e 2022.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assume e nomeia Carlos Lupi para o Ministério da Previdência, que mantém os acordos com as entidades. Lupi mantém no INSS pessoas hoje investigadas no esquema de fraude do INSS.

  • 2025 – A Operação Sem Desconto

Operação realizada pela PF e pela CGU contra fraudes no INSS apreende diversos itens de valor, entre dinheiro em espécie e carros de luxo. Ao menos 11 entidades associativas são suspeitas de realizar descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas ao longo de anos. Os mandados de busca, apreensão e de prisão foram realizados em 13 estados e no Distrito Federal.

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