Homônimo do religioso e matemático Robert Prevost publicou livro sobre probabilidade da existência de Deus

(CORREÇÃO: O g1 errou ao informar que o matemático Robert Francis Prevost, que viria a se tornar Leão XIV, publicou um livro sobre probabilidade da existência de Deus. O texto é de autoria de um homônimo. O autor é um americano também chamado Robert Prevost, que, assim como o agora pontífice, formou-se em matemática. O erro foi corrigido às 15h38 de 9 de maio. Pelo erro, pedimos desculpas.)

➡️Robert Francis Prevost, o papa: Formou-se em matemática e concluiu o curso em 1977, com apenas 22 anos, na Universidade Villanova, na Pensilvânia (EUA). Cursou mestrado em Divindade na Catholic Theological Union, em Chicago, e foi ordenado sacerdote no mesmo ano em que terminou o curso (1982). Na sequência, obteve os títulos de licenciatura (1984) e de doutorado (1987) em direito canônico pelo Pontifício Colégio de Santo Tomás de Aquino. Décadas depois, em 2014, voltou a ser homenageado pela Universidade Villanova, que lhe concedeu o título de Doutor Honoris Causa em Humanidades.

➡️Robert Ward Prevost, o homônimo do papa: Também americano, ao longo de sua carreira, assinou seus livros como Robert Prevost. Entre outros temas, escreveu sobre a probabilidade nas explicações acerca da existência de Deus e o conflito entre fé e ciência nos ensinamentos escolares.

Em 1990, Robert W. Prevost lançou o livro “Probabilidade e Explanação Teísta”, pela Editora Clarendon Press, da Universidade Oxford.

  • Nele, o autor analisa, de forma crítica, como funciona, dentro da filosofia moderna da religião, a ideia de “explicação teísta” — ou seja, a tentativa de explicar o mundo e a vida a partir da existência de Deus.
  • Também discute como essa teoria pode ser relacionada à chamada “teologia natural”, que tenta entender Deus com base na razão e na observação do mundo, sem depender de revelações religiosas.

Na primeira parte do livro, Prevost analisa as ideias de dois filósofos importantes: Richard Swinburne e Basil Mitchell. “Este livro é a primeira comparação, em formato integral, desses dois estilos de justificação da crença religiosa”, escreveu no capítulo inaugural.

Prevost critica especialmente Swinburne por duas razões:

1- Uso do teorema de Bayes:

✏️O que é? O teorema é uma fórmula matemática usada para calcular a probabilidade de um evento ocorrer, com base em informações anteriores ou em novas evidências. Ele ajuda a atualizar a probabilidade de algo, à medida que novos dados são conhecidos. Essa fórmula é atualmente empregada em áreas como medicina (no diagnóstico de doenças) e finanças (avaliação de riscos). Em geral, é útil em situações nas quais a incerteza é alta, e a informação é atualizada ao longo do tempo.

Pois bem: Swinburne, criticado por Prevost, usa esse teorema para tentar mostrar que é razoável acreditar em Deus. O autor, então, diz que esse princípio matemático não funciona para o contexto divino.

“O teorema de Bayes não pode ser usado para determinar os critérios que testam a probabilidade da hipótese teísta”, escreve no livro, antes de apresentar seus argumentos matemáticos.

2- Foco limitado na explicação das causas:

Swinburne tenta explicar a existência de Deus apenas com base em causas e efeitos, como se fosse uma explicação científica. Prevost crê que seja uma perspectiva muito limitada – acredita que o teísmo deve ser amplo, abordando o sentido da vida, dos valores morais e dos acontecimentos históricos.

➡️Ou seja, para Robert W. Prevost, não bastava dizer que Deus é a causa das coisas; é preciso considerar o propósito e o significado que Ele daria ao mundo.

O homônimo do papa defende em sua obra que, além das explicações formais (que envolvem lógica e regras matemáticas), é importante usar também o raciocínio informal — aquele que considera o contexto histórico e que usa argumentos além das ciências exatas. Essa linha de pensamento costuma ser mais subjetiva, flexível e baseada em intuições, experiências pessoais e tradições.

Segundo ele, critérios assim podem ajudar a avaliar se a existência de Deus realmente explica o mundo.

No fim da obra, o autor propõe um conceito de Deus mais forte: um Deus “pessoal”, que dê sentido às nossas vidas e aos valores morais.

Ciência ou fé na escola?

Em artigo publicado em março de 1992, no “Journal of Church and State”, Robert W. Prevost analisa como a disputa entre ciência e religião vem se desenrolando ao longo do tempo nos Estados Unidos.

Ele mostra que, em diversos casos, as explicações religiosas dominaram o debate por anos. Mas, quando surgia uma explicação científica mais convincente, o Estado tendia a adotá-la oficialmente. Isso, segundo o autor, acabaria afastando as visões religiosas do centro das discussões públicas — como se elas fossem cada vez menos relevantes.

Prevost alerta que essa tendência traria consequências. Ao favorecer explicações científicas em detrimento das religiosas, o governo poderia transmitir a mensagem de que só a ciência tem valor.

Por isso, defende, no artigo de 1992, que as escolas deveriam ser “muito cuidadosas” ao lidar com esses temas. Para ele, ensinar ciência é essencial, mas é preciso reconhecer que as crenças religiosas também fazem parte da experiência humana — e encontrar formas equilibradas de tratá-las no espaço público.

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