Segundo a fonte da PF ao blog, o suspeito foi apresentado ao advogado como – e vestido de – padre. As circunstâncias em que o encontro aconteceu não foram informadas.
Além de Antônio, outros quatro suspeitos de serem mandantes e coautores do assassinato do advogado foram presos na operação desta quarta-feira.
Zampieri era um advogado que atuava em processos sobre posse de terra e foi assassinado com 10 tiros em 2023. Ele foi executado dentro do próprio carro em frente ao escritório em que trabalhava. O advogado foi surpreendido em uma emboscada por um homem de boné, que aguardava Zampieri e efetuou os disparos.
A suspeita é que ele tenha sido vítima do autodenominado Comando de Caça a Comunistas, Criminosos e Corruptos (C4), um grupo de extermínio formado por militares da ativa e da reserva que também oferecia serviços de espionagem de autoridades.
Para a PF, o grupo está envolvido em um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Com o grupo, os policiais federais apreenderam armas, munição e documentos, como a relação de armamentos, despesas e preços de serviços oferecidos.
Até a última atualização deste post, a defesa de Antônio não se manifestou sobre a operação e as suspeitas da PF.
PF prende suspeitos ligados a grupo de extermínio
A Polícia Federal prendeu nesta quarta:
- Aníbal Manoel Laurindo (produtor rural);
- Coronel Luiz Caçadini (militar reformado);
- Antônio Gomes da Silva;
- Hedilerson Barbosa;
- Gilberto Louzada da Silva.
Infográfico – Investigação revelou grupo de extermínio e esquema de vendas de sentença. — Foto: Arte/g1
Segundo a Polícia Civil de Mato Grosso, o produtor rural Aníbal Laurindo teria sido o mandante do crime, praticado em razão de uma disputa judicial por terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões.
O coronel Luiz Caçadini teria financiado a ação. Antônio Gomes da Silva seria o autor dos disparos e foi auxiliado por Hedilerson Barbosa, dono da pistola 9mm usada no assassinato.
A participação de Gilberto Louzada da Silva ainda não foi esclarecida.
Organização planejava monitorar ministros do STF, senadores e deputados
Segundo investigações da Polícia Federal, os presos fazem parte de uma organização criminosa – formada por militares da ativa, da reserva e civis – dedicada à espionagem e a homicídios por encomenda.
De acordo com a apuração, o grupo mantinha uma tabela de preços de espionagem conforme o perfil do alvo:
- Ministros do STF: R$ 250 mil
- Senadores: R$ 150 mil
- Deputados: R$ 100 mil
Além disso, segundo o documento apreendido pela PF, o grupo cobrava R$ 50 mil para espionar “figuras normais”, ou seja, pessoas que não ocupam cargos e funções públicas.
Para as atividades de espionagem, o “Comando C4” utilizava diversos recursos, como carros com placas frias, rastreadores veiculares e drones, e projetava a utilização de hackers e pessoas com experiência em atividades de inteligência para realizar as suas ações.
Além disso, previa a contratação de prostitutas e garotos de programa para serem utilizados como “iscas” para atrair os alvos.
O grupo listou também materiais e veículos que poderiam ser acionados nas operações:
- 5 fuzis de “snipper” (sic) com silenciador
- 15 pistolas com silenciador
- munição
- lança rojão tipo AT 34 de ombro
- minas magnética e explosivos com detonação remota
Detalhamento da atuação do grupo preso por envolvimento em morte e espionagem em MT — Foto: Reprodução