A informação foi confirmada ao g1 pela assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Educação. O curso terá como gestora Maria Silvia Bacila, atual secretária executiva pedagógica de São Paulo, e terá em seu cronograma:
- Estudos de caso;
- Análises de dados;
- Estudos de referenciais;
- Legislação;
- Seminários;
- Palestras;
- Vivências nas unidades.
Segundo a pasta, os profissionais foram convocados para a requalificação em período integral e isso os impedirá de atuar nas unidades. A secretaria, então, enviará outros profissionais para atuar nas unidades neste período.
A direção dessas escolas ficará a cargo dos atuais números 2 da direção e não será diretamente feita por este reforço enviado pela secretaria.
“Nós não estamos colocando nenhuma culpa no diretor, em hipótese alguma. Nós estamos trazendo esse diretor para um processo formativo coletivo em que nós queremos caminhar junto com esses diretores para podermos, sim, superar resultados que são altamente desafiados para todos nós e não para eles, mas para todos nós”, afirmou Bacila ao g1.
A secretaria define a decisão de fazer a requalificação como uma “oportunidade “desenvolvimento profissional dos gestores” e rebate o uso do termo “afastamento” para tratar do tema.
“Os diretores foram convocados para um processo de desenvolvimento profissional, não há afastamento. Afastamento é uma outra coisa, nós não estamos trabalhando com essa perspectiva”, diz.
A secretária afirmou que os diretores serão “devolvidos” depois do processo de requalificação. No processo de devolução, haverá uma intervenção pedagógica qualificada, afirmou.
Maria Silvia Bacila iniciou atuação na capital paulista em janeiro desse ano. Antes, ocupou o posto de secretária da Educação de Curitiba, no Paraná.
A profissional atuou na capital paranaense ao mesmo tempo em que Renato Feder comandava a educação no governo do Paraná. Feder é o atual secretário da Educação do estado de SP desde o início do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), em 2023.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao lado do secretário de educação, Fernando Padula — Foto: Divulgação/PMSP
Unidades prioritárias e questionamento da Defensoria
Segundo a Prefeitura de São Paulo, um grupo de 66 escolas municipais fazer parte de um grupo de unidades prioritárias por não terem atingido critérios de avaliação educacional.
Foram identificados números abaixo do esperado com alunos dessas unidades no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e no Idep, índice aplicado no município.
São notas abaixo do previsto para os anos iniciais, aqueles estudantes mais jovens, ou para as idades finais, aqueles que estão em fase final de aprendizado.
Na segunda-feira (27), a Defensoria Pública enviou um ofício para a Secretaria Municipal de São Paulo para questionar os critérios para o afastamento dos 25 diretores.
O defensor Gustavo Samuel da Silva Santos, coordenador do Núcleo Especializado na Infância e Juventude, questiona cinco pontos:
- A lista dos diretores e escolas em que houve o envio dos profissionais para a requalificação;
- A razão específica para o afastamento de cada diretor;
- Informações detalhadas sobre o curso – como cronograma, corpo docente envolvido, carga horária, metodologia, entre outros;
- Informação de quem exercerá a função de diretor dessas escolas no período em que os titulares farão o curso;
- Fundamento legal usado para justificar a decisão.
“Nos preocupou a posição do município, uma vez que esses profissionais estarem afastados por quase todo um ano, sem identificar adequadamente quais as razões desse afastamento e quais os critérios para selecionar esses profissionais, não outros, e ainda como esse curso aconteceria e como a gestão das escolas não seria prejudicada”, afirmou Silva Santos, ao g1.
Segundo o defensor, com a decisão “existe o risco a continuidade do serviço de educação de centenas de crianças e adolescentes do município”.