STF julga nesta terça denúncia contra núcleo acusado de espalhar desinformação golpista

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo disseminou mentiras sobre as urnas eletrônicas, atacou autoridades públicas e atuou para pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano que visava manter Jair Bolsonaro na Presidência da República.

Quem são os acusados

A denúncia atinge militares da ativa e da reserva, um agente da Polícia Federal e um civil:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros, major da reserva
  • Ângelo Martins Denicoli, major da reserva
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal
  • Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército
  • Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército
  • Marcelo Araújo Bormevet, agente da PF e ex-integrante da Abin
  • Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército

O grupo é investigado também pelo uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ações ilegais.

Jair Bolsonaro é o 1º ex-presidente a se tornar réu por atentar contra a democracia

Crimes atribuídos pela PGR

A PGR aponta que os acusados integravam uma organização criminosa armada e que tentaram:

  • Abolir, de forma violenta, o Estado Democrático de Direito
  • Executar um golpe de Estado
  • Causar dano qualificado contra o patrimônio da União
  • Destruir patrimônio público tombado

O que o STF vai julgar

Os ministros da Primeira Turma vão decidir se aceitam ou não a denúncia. Primeiro, devem analisar pedidos das defesas, como alegações de falta de provas e ausência de perícia técnica. Se rejeitarem essas questões preliminares, os ministros decidirão se há indícios suficientes para transformar os acusados em réus.

1ª Turma do STF analisa denúncia do golpe — Foto: Rosinei Coutinho/STF

Tentativas de anistia

Enquanto o STF analisa novas denúncias da trama golpista, senadores aliados de Jair Bolsonaro tentam avançar no Congresso com projetos para reduzir penas ou travar ações penais contra os envolvidos. O mais recente é o projeto relatado por Davi Alcolumbre (União-AP), que propõe a redução das penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro.

O movimento, no entanto, causa desconforto entre ministros do STF, que não querem que o tribunal seja envolvido institucionalmente em qualquer negociação sobre anistia. A avaliação entre parte dos ministros é de que tais projetos são inconstitucionais e, se aprovados, podem acirrar a tensão entre os Poderes.

“Esse é um tema do Congresso. Ele tem autonomia para tratar disso. Não cabe ao Supremo entrar nesse tipo de negociação, passa a imagem de que os julgamentos feitos até agora estavam errados”, disse um ministro, sob reserva.

Outras denúncias já aceitas

Desde março, o STF já aceitou denúncias contra 14 acusados, incluindo Bolsonaro, o general Walter Braga Netto e o deputado federal Alexandre Ramagem. Ao todo, 34 pessoas já foram denunciadas. O julgamento desta semana pode ampliar a responsabilização jurídica de integrantes da tentativa de ruptura institucional.

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