O governo Donald Trump suspendeu a autorização da Universidade de Harvard para receber estudantes estrangeiros e determinou que os estudantes internacionais que estão matriculados teriam que pedir transferência, numa grave escalada na ofensiva do governo contra a instituição.
O Departamento de Segurança Interna cancelou a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio de Harvard.
A chefe da pasta, Kristi Noem, disse que a universidade está sendo responsabilizada por promover violência, antissemitismo e por coordenar com o Partido Comunista Chinês em suas dependências. O governo americano reforçou que deseja tomar a mesma medida em outras universidades.
Harvard divulgou um comunicado em que diz que a política é ilegal e acusou o governo de “retaliação”. A universidade reiterou que continua totalmente comprometida em manter a capacidade de receber alunos e pesquisadores de mais de 140 países.
No ano escolar de 2024 a 2025, Harvard matriculou quase sete mil alunos internacionais – o equivalente a quase 30% das inscrições. Segundo a Associação de Educadores Internacionais, os estudantes estrangeiros também estimulam a economia local – além de pagarem mensalidades que ajudam a sustentar as instituições acadêmicas.
Minutos após o anúncio, o juiz federal Jeffrey White bloqueou os esforços de Trump para encerrar o status legal de estudantes estrangeiros. Em abril, o governo começou a cancelar os registros de milhares de alunos internacionais.
Desde que tomou posse, Trump manteve os ataques não só à Harvard, mas ao sistema educacional americano como um todo. O republicano assinou uma ordem executiva para desmantelar o Departamento de Educação do país, demitindo metade da equipe e fechando, aos poucos, a repartição – algo que também foi negado pela Justiça.
Especificamente contra Harvard, Trump ameaçou congelar todo o financiamento federal destinado à universidade – algo que cumpriu parcialmente, quando tirou mais de três bilhões de dólares em subsídios.
Trump pressionou Harvard pelo fim do programa de diversidade da instituição e por uma mudança no corpo docente da universidade. Harvard negou prontamente, dizendo não abrir mão da independência e dos direitos constitucionais, e processou o governo americano.
O republicano, então, prometeu tributar a instituição como uma “entidade política” e, depois, anunciou a retirada da isenção fiscal de Harvard.
A Casa Branca acusa Harvard e outras universidades de promover antissemitismo nos campi – mas não fornece provas das irregularidades. Ao mesmo tempo, a administração tenta revogar vistos de estudantes que participaram de protestos pró-Palestina no ano passado.
