Universidades dos EUA assinam carta condenando interferência política de Trump

“Nós nos manifestamos em uma só voz contra o controle governamental sem precedentes e a interferência política que agora colocam em risco o ensino superior americano”, diz a carta.

O texto, publicado pela Associação Americana de Faculdades e Universidades, tinha 191 assinaturas até a publicação desta reportagem – entre elas, representantes de Yale, Brown, Princeton e Harvard. O número vem subindo desde que o manifesto foi ao ar.

“Estamos abertos a reformas construtivas e não nos opomos à supervisão legítima do governo. Entretanto, devemos nos opor à interferência indevida do governo na vida daqueles que aprendem, vivem e trabalham em nossos campi. Sempre buscaremos práticas financeiras eficazes e justas, mas devemos rejeitar o uso coercitivo do financiamento público de pesquisa”, continua o texto.

Harvard se nega a cumprir exigências de Trump, e mais de US$ 2 bi em recursos congelados

A carta defende que as universidades devem ser centros onde “professores, alunos e funcionários são livres para trocar ideias e opiniões sobre uma ampla gama de pontos de vista sem medo de represálias, censura ou deportação”.

“O preço de restringir as liberdades que definem o ensino superior americano será pago por nossos alunos e por nossa sociedade.”

Ataque às universidades

Desde a sua posse em janeiro, o presidente republicano Donald Trump tem reprimido as principais universidades dos EUA, com base em alegações de que elas toleraram discursos antissemitas durante protestos pró-palestinos que ocorreram no ano passado.

O presidente ainda critica políticas afirmativas que promovem a diversidade no ensino universitário. A repressão se estende a diversos estudantes estrangeiros, que tiveram seus vistos revogados ou foram presos por participar das manifestações contra o conflito corrente em Gaza.

Processo judicial

A carta foi publicada um dia depois de a Universidade de Harvard processar o governo Trump, que ameaça ampliar os cortes a seu financiamento e impor uma supervisão política externa. O presidente quer impor níveis sem precedentes de controle governamental sobre as admissões e práticas de contratação na universidade mais antiga e mais rica do país.

Mas Harvard rejeitou as exigências do governo, o que levou o governo Trump a ordenar, na semana passada, o congelamento de 2,2 bilhões de dólares (R$ 12,6 bilhões) em verbas federais para a instituição. Na ocasião, o porta-voz presidencial, Harrison Fields, disse que o presidente quer garantir que os dólares do contribuinte americano não apoiem a discriminação racial ou a violência motivada por raça.

A Casa Branca agora avalia proibir a universidade de matricular estudantes estrangeiros e acusa seu corpo docente de “envenenar seu campus e suas salas de aula” com uma “ideologia antiamericana”. O Departamento de Segurança Interna dos EUA quer que a universidade entregue registros de “atividades ilegais e violentas” que tenham sido praticadas por estrangeiros em seu campus durante protestos pró-palestinos.

Os alunos estrangeiros representaram 27,2% das matrículas de Harvard neste ano acadêmico, de acordo com seu site.

Na ação judicial, Harvard defende que as tentativas do governo de “coagir e controlar” a universidade violam as proteções da Constituição para a liberdade de expressão. Ela também acusou a Casa Branca de não seguir os procedimentos estabelecidos pelas leis federais de direitos civis. A universidade pede que o congelamento dos fundos e as condições impostas aos subsídios federais sejam declarados ilegais.

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